Síndrome do piriforme
com pacientes com queixas de dores lombares irradiadas para o membro inferior que chegam ao consultório com o diagnóstico de síndrome do piriforme. Tudo bem, todo mundo sabe (ou deveria saber) que por definição trata-se de uma síndrome neuromuscular que envolve a irritação ou em alguns casos a compressão do nervo ciático (L4, L5, S1,S2,S3) pelo músculo piriforme. Para muitos colegas trata-se de assunto banal, basicamente o arroz-com-feijão da clínica. Entretanto devemos aprofundarmos o nosso conhecimento, pois muitos pesquisadores consideram a Síndrome do Piriforme um diagnóstico controverso, sendo que esta questão gera polêmica desde sua descrição inicial em 1928(Yeoman W. The relation of arthritis of the sacroiliac joint to sciatica. Lancet. 1928;ii:1119-22.).
Alguns autores consideram que a Síndrome do Piriforme e a Neurite Ciática são a mesma entidade clínica. Creio que o motivo principal desta controvérsia é porque, em muitos casos, o diagnóstico é clínico, e sem exames complementares que ofereçam suporte aos achados da anmnese e do exame físico. Ambas as condições apresentam sinais e sintomas clínicos como dor unilateral na região glútea, podendo apresentar-se com "choques", queimação, "formigamento" e/ou parestesia geralmente irradiadas para a coxa e perna.
Como não há consenso sobre o tema, tomo a liberdade de expor alguns fatos e também a minha opinião a respeito do tema.
Ciática
A ciática,
também denominada Neurite ciática, refere-se à compressão do nervo ciático. Esta
compressão pode ocorrer em qualquer parte de seu trajeto. A causa mais comum de
dor ciática é a compressão de uma ou mais raízes nervosas que formam o nervo
ciático por hérnia de disco lombar (radiculopatia). Outros
dois pontos comuns de compressão são: (1) pela sua passagem pelo Piriforme
(devido a traumas, espasmo, contraturas ou hipertrofia do músculo piriforme), e
(2) Na fossa poplíte, no ponto onde se divide em nervo tibial posterior e nervo
fibular.
O exame
neurológico é de extrema importância e pode proporcionar evidências objetivas de
compressão radicular. Deve-se enfatizar que podem ocorrer compressões
radiculares que causam dor, porém permitem uma acomodação do nervo de maneira
que sua função ainda é normal, não apresentando, portanto, déficit neurológico
evidente. Em casos de compressão da raiz de S1, gerando sofrimento do nervo e
déficit neurológico, o paciente pode apresentar fraqueza do tríceps sural e pode
ser incapaz de elevar repetidamente os dedos do pé do lado acometido. Atrofia da
musculatura da panturrilha pode estar presente, bem como diminuição ou abolição
do reflexo aquileu (relembrando: S1). A diminuição da sensibilidade, se
presente, geralmente se localiza no aspecto posterior da panturrilha e na face
lateral do pé .
O comprometimento de L5 leva a uma fraqueza da extensão do hálux e em menor freqüência a uma fraqueza dos eversores e dorsiflexores do pé. O déficit sensorial se apresenta na face anterior da perna e no aspecto dorsomedial do pé, em direção ao hálux. Não existem alterações de reflexos neste nível.
O comprometimento de L5 leva a uma fraqueza da extensão do hálux e em menor freqüência a uma fraqueza dos eversores e dorsiflexores do pé. O déficit sensorial se apresenta na face anterior da perna e no aspecto dorsomedial do pé, em direção ao hálux. Não existem alterações de reflexos neste nível.
A compressão
de L4 afeta o quadríceps. O paciente pode referir fraqueza na extensão do
joelho, a qual freqüentemente se associa com instabilidade. A atrofia da
musculatura da coxa pode ser evidente. Um déficit sensorial se apresenta sobre o
aspecto anteromedial da coxa e o reflexo patelar pode estar
abolido.
![[Ciatica.jpg]](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCNkiNdn6L7RP9BHEhmdV4PpDJuGJ9YjZ7Ur6ABrzWerl1jCFPZ5_57Mre1fqyg7G5PrWtSJTYstsjyJtE20-QXcIdxNjfFZwqUmTQsNCgiEOp3SDiwnvW-HvjxEqLkJC66Wy3NujCdCdD/s1600/Ciatica.jpg)
Síndrome do
Piriforme
A Síndrome do Piriforme é, na
minha opinião, um caso de dor referida causada por encurtamento muscular,
pontos-gatilho miofasciais no músculo piriforme e/ou trauma, como por exemplo
queda da própria altura sobre as nádegas. Os sintomas causados pela síndrome do
piriforme podem ser muito semelhantes ou praticamente indistiguíveis da dor
ciática verdadeira.
As dores
geralmente inciam-se na região glútea e podem extender-se para baixo afetando o
membro inferior até o pé. Em alguns casos, o músculo piriforme pode causar
compressão ciática verdadeira, uma vez que em algumas pessoas o nervo Ciático
tem seu trajeto por entre o ventre do piriforme. Assim, a contração do piriforme
pode causar compressão suficiente para causar sintomas neurológicos verdadeiros.
Esta é uma das principais causas de confusão quando tentamos distinguir a
ciática verdadeira da síndrome do piriforme. Embora estas duas condições
apresentem sintomas muito parecidos, o fator etiológico é diferente. Por isso o
exame físico é tão importante. Para quem gosta de semiologia e raciocínio
clínico, recomendo a leitura de um excelente Artigo
médico sobre raciocínio clínico.
Na maioria
dos casos, o uso de duas manobras simples podem ajudar bastante a entre estas
duas condições (quando o problema é uma condição vesus a outra e não as duas ao
mesmo tempo). Primeiro, o teste de elevação da perna retificada. Se a elevação
da perna sintomática, nos primeiros graus de flexão de quadril causar dor, ou
aumentar os sintomas, pode-se estar diante de uma radiculopatia verdadeira.
![[Teste_Lasegue_1.jpg]](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2Q97Nyv4W3Diloh6RSk9gcCS2CI-sfYLtJyPNeBkd5aoodpkZSaSHi7BK35aXDinO0v684JdVLWudGB5VNizRjFjy5dcGdXTYnvTJ17mGxu-7bmE4laI-066f1RyicjpkzTvW4GYXBzTH/s1600/Teste_Lasegue_1.jpg)
A segunda
manobra é simplesmente o alongamento do piriforme
Solicito ao
paciente que, deitado na maca, abrace o joelho da perna sintomática e traga-o em
direção ao ombro contralateral (conforme a seta da figura acima), realizando
Flexão+Adução+Rotação Interna. Esta manobra alonga o piriforme, e um aumento da
dor é sugestivo de envolvimento muscular nos sintomas. A figura abaixo demonstar
anatomicamente as relações entre o piriforme e o nervo ciático e os efeitos
desta manobra.
É
também importante a investigação de pontos-gatilho miofasciais em glúteo mínimo,
médio e máximo e piriforme, pois também podem ser responsáveis pela
sintomatologia nestes casos. Pra falar a verdade, deve-se lançar mão de todo
arsenal semiológico que você dominar. Quando eu atendia este tipo de paciente,
geralmente eu realizava uma avaliação articular utilizando os princípios do
Maitland, uma avaliação utilizando os princípios da mobilização neural e
terminava com uma busca por pontos-gatilho miofasciais que reproduzissem a dor
do paciente. Naturalmente se você domina outras técnicas de avaliação, nada o
impede de tratar o paciente com outros métodos: Osteopatia, RPG, Feldenkraiss,
etc...
Como eu acabei de dizer, dependendo da gravidade dos sintomas e das características da dor, é possível lançar mão de uma série de abordagens manuais refinadas ou técnicas mais simples. No caso de Síndrome do Piriforme (e não radiculopatia).
Como eu acabei de dizer, dependendo da gravidade dos sintomas e das características da dor, é possível lançar mão de uma série de abordagens manuais refinadas ou técnicas mais simples. No caso de Síndrome do Piriforme (e não radiculopatia).
O tratamento pode
incluir:
1- Alongamento
2- Uso de Gelo ou Calor (Obs: embora recomendado, o piriforme é um músculo muito profundo, e creio que a crioterapia não seria capaz de exercer totalmente seus efeitos devido à localização anatômica do músculo)
3- Fisioterapia
4- Medicação
5- Injeção de anestésicos ou corticóides
6- Eletroterapia - TENS
1- Alongamento
2- Uso de Gelo ou Calor (Obs: embora recomendado, o piriforme é um músculo muito profundo, e creio que a crioterapia não seria capaz de exercer totalmente seus efeitos devido à localização anatômica do músculo)
3- Fisioterapia
4- Medicação
5- Injeção de anestésicos ou corticóides
6- Eletroterapia - TENS
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